Um belo dia resolvi mudar

fê pimentel
2 min readNov 3, 2016

--

Pôster na entrada da casa nova. Típico de um designer. Ou de um adulto maduro.

E fazer tudo o que eu queria fazer! Saí do supermercado me sentindo mais adulta do que nunca. Habemus produtos para a casa nova! Por mais que more distante dos meus pais há três anos e tenha mudado com eles umas seis vezes, faço a primeira sozinha. Minha vida se encaixou com uma precisão admirável no porta-malas da amiga — fiel escudeira, escoteira guerreira, que me mostrou como dobrar sacolas plásticas, otimizar meu armário, salvar conversas no Snapchat e rir fácil (esse último ensinado naturalmente).

Aos 10 anos, lembro que queria ser advogada de manhã, para poder me vestir elegantemente tal qual, e arquiteta de tarde, para fazer o que gosto e planejar minha própria decoração. Tudo isso aos 30, talvez. Sonhos até conversar com o Hans Donner no final de uma palestra em Floripa, meu primeiro contato com a comunicação visual. Saí de lá sonhando com suas aberturas fantásticas na TV e cogitei na hora seguir a mesma profissão que ele — sonho refutado por anos pela ideia do jornalismo.

A vida me levou a trabalhar com jornalistas, cursar design e, graças a básicos conhecimentos estéticos adquiridos, poder pensar minimamente na organização de um apartamento, como desejado naquela planta que desenhei na infância. E antes dos 30.

Pizzaria, loja de roupas, lavanderia. Percebi, na minha última semana na rua antiga, que nenhum estabelecimento que abre permanece ali. Senti que precisava sair também. E logo. Ver novas paredes e cortar o cabelo.

As caixas e roupas de inverno tiraram minha rinite da gaveta. Quase três horas da manhã, admiro minha nova vista da janela. Roupas nos devidos cabides, comidas nas gavetas, maquiagens bem alinhadas no armário, acendi a luminária nova e me achei no espelho. Agora de franja e quase um ano mais velha. Semana que vem assopro as velinhas. Primavera! Pólen a parte (atchim!), é sempre uma boa hora para mudar. Agora só falta você. =)

--

--